sábado, 9 de agosto de 2014

Cap.16-Que comece o jogo



Anja POV’s

Tinha chovido muito esses dias em Manhattan, dia e noite. E quando estiava eu saia um pouco das cobertas para fazer alguns photoshoots. Esse sábado chovia forte e o dia inteiro, como o tempo pedia, fiquei debaixo das cobertas com todas as luzes apagadas, tomando chocolate quente assistindo basquete—é basquete—.

Mas faltava algo... Alguém para ser exato.
Zayn.

Sim, eu o queria comigo, debaixo das cobertas tomando chocolate quente e assistindo basquete. Talvez eu estivesse sentindo falta dele, das suas piadas sem graça—eu só ria pelo fato das piadas não ter sentido—Do seu sorriso... Da sua voz rouca.
Meu Deus olha o que eu estou pensando! Ou eu estou ficando maluca ou meu cérebro congelou devido o frio.

Ouvi um ‘’Meu Deus, até que enfim’’ vindo da sala.

Levantei-me cautelosamente consertando minha calça de moletom. Abri a porta e fui para a sala.

No meio dela tinha um casaco preto molhado. Quem será?

-Quem é?—perguntei

Ouvi o que parecia um copo, ou caneca—ou algo parecido—pousar sobre o balcão de granito.

-Sou eu Angel.

Era Alexandre. Seus cabelos molhados e levemente bagunçados, e suas roupas também molhadas.

-Que susto praga! Avisa antes. —disse colocando a mão no tórax

-Se assustou?—ele gargalhou—Pensou que eu era um ladrão?

-Eu nem sabia que era você Alexandre—me virei indo para o meu quarto, lugar que eu não deveria ter saído.

Chegando lá, abri um pouco da cortina preta de veludo, e vi pela janela que chovia forte. Tanto que estava embaçado.

-Porque você saiu nessa chuva?—perguntei fechando a cortina, me virando para ele. —Está maluco?

-É que eu queria um chocolate quente, dai decide ir ao Starbucks, mas chegando lá estava lotado. Não iria ficar lá de jeito nenhum. Então vim para cá... Que tem uma cama enorme, quentinha e um belo chocolate quente de graça. —ele se deitou com cuidado com uma caneca em mãos

-Mas veja só... —disse rindo—Levanta da minha cama.

-Porque? Não estou fedendo—ele cheirou sua axila

-Mas esta molhado... Porque não toma um banho?

-Não tenho roupa aqui.

-Você pode vestir uma calça de moletom minha, e um casaco.

-Eu vestir roupa de mulher? Você esta louca?

-Ou é isso ou você vai ficar no chão, ficar resfriado e pegar mulher nenhuma.

Ele arregalou os olhos, colocou a caneca sobre o criado mudo e tirou sua blusa.

-Está bom Anja, tá bom—ele falou vencido indo para o meu banheiro.
 
-Toalha limpa no armário!—gritei

Fui para o meu closet e procurei algo masculino, ou parecido para ele vestir. Demorou um pouco, mas encontrei uma calça larga de moletom preta com umas linhas laterais rosa, e um casaco preto também de moletom com a Palavra Artic Monkeys em branco. Mais ‘’masculino’’ que aquilo eu acho que aqui não tinha.

Coloquei sobre a cama, e peguei sua roupa molhada para por na secadora.

Voltei para o quarto e Alexandre estava botando o casaco. Ele me olhou e colocou as duas mãos na cintura.
 
-Rosa, Anja? Serio?

-O que? Ninguém vai ver... Ou você pensa em sair com ela na rua?

-Ai, cala a boca—ele disse se sentando com a caneca já em mãos.

Deitei-me e cobre a metade do meu corpo com o edredom—ate a barriga—E peguei meu chocolate, que por incrível que pareça ainda estava quente.

-você esquentou?—perguntei me referindo ao chocolate

-Sim.

Só agora percebi que a tevê não estava, mas no basquete, e sim em um canal de musica. Bob Marley cantava in live, No woman No cry.

-Você molha a entrada da minha casa, toma meu chocolate, veste minhas roupas, e muda o canal da minha TV. O que falta? Morar aqui também?—perguntei o encarando

-Cala a boca, Bob esta cantando. —ele disse tapando minha boca com a mão

É... Bob Marley sempre vencia.


O momento estava tão bom... A chuva caia lá fora, e eu estava com um chocolate quente debaixo das cobertas ao som de Bob Marley com meu melhor amigo. Eu pedi Zayn, veio Alexandre... Bem, pelo menos não correria o risco de beijar ou fazer outras coisas com meu amigo/irmão.

-E Zayn? Esta bem?—Alexandre pergunta

-Não sei... Liga pra ele e pergunta—bebi um gole da minha bebida

-Estou falando de vocês dois.

-Aah, esta tudo bem. Somos amigos também, não fazemos sexo toda hora como você pensa.
Alexandre riu pelo nariz e balançou a cabeça.

-O que? O que você esta insinuando?—perguntei

-Nada eu... Mas só vocês não veem, que quando se olham faísca saem... Imagine entre quatro paredes.

-Eu não sou Katy Perry para fazer Firework—disse sarcástica—Eu não solto faísca nenhuma.

-Não sou eu que falo, e sim vocês dois quando se encontram.

-O que esta acontecendo com você?—perguntei com a testa franzida

-Só falei a verdade—ele deu um grande gole no chocolate

O que Alexandre estava querendo dizer? ‘’faíscas’ ’essa porra está ficando doida, só pode.

Ok.fiquei curiosa, vou tentar entender o que ele disse: Segundo alguns livros que eu leio 
‘’faísca que sai de ambos quando se veem’’ tem a ver com paixão ou atração.
Pela minha parte, sou a segunda opção. Zayn acredito que também é a segunda.
Imagina só... Eu, EU Anja Albuquerque Hausenback apaixonada por Zayn Jawaad Malik. Seria o fim... O meu fim.

Olha só no que eu estou pensando! Graças a essa peste que chamo de melhor amigo.

-Você sabe se a Ernestina esta em casa?—Alexandre pergunta

-An?O que?—pergunto confusa—Deve estar. Quem é o demente que sairia em uma chuva dessas?—pergunto—Ah é, você.
 
-Não me culpe—ele disse rindo—Mas você sabe se ela pode estar ai?

-Não sei... Não sai de casa hoje. Mas pode ser que esteja.

Um sorriso brotou em seus lábios.

-Falando nisso... Porque você falou em francês com ela naquele dia?

-Um francês reconhece outro—ele piscou

-Mas para que você quer saber se ela est...—parei. Estreitei os olhos e o encarei—Você quer pegar ela?

-Ela não é de se jogar fora.

Pensando melhor, Ernestina não era feia, só era carrancuda e usava roupas para pessoas com o dobro da sua idade—eu acho—A questão é...

-Ela ira querer você?—perguntei o desfiando

Ele riu nasalmente

-Você viu o jeito que ela ficou quando eu beijei sua mão? Ela quase caiu para trás.

-Mas isso não significa nada.

-Anja, Anja... Se eu der uma piscadela, ela se joga nos meus braços—ele disse—Ok, serei modesto. Ela fica ofegante.

-Você nem se acha né?—perguntei rindo

-Porque sou isso.

-Você definidamente não presta.

-Aprendi com a melhor... Você.

Ele pulou da cama antes que eu tacasse minha mão na cara dele.

-E se ela não topar?

-Acredite—Alexandre amarrou o ultimo cadarço do tênis—Ela vai.

Alexandre estava indo na casa de Ernestina chama-la para jantar.

Ernestina me odiava, consequentemente odiava meus amigos; e Alexandre era meu melhor amigo.

-Então tá. Agora, se ela não aceitar e ferir seu ego, não venha para cá—avisei.
 
-Tá, tá... Aonde esta seu perfume masculino?

Sim, eu tenho perfumes masculinos, sempre gostei.

Ele nem esperou eu dizer onde estava, foi logo no meu armário de perfumes, abriu a porta e pegou o Azzaro Pour Homme, borrifou no pescoço e guardou.

Alexandre esta com sua roupa; Uma blusa azul escura com a palavra ‘’suck’’ em cinza, uma calça preta e um tênis da mesma cor.

-Agora tchau—ele beijou minha testa e pegou seu casaco já seco. Abriu a porta e saiu.
Eu não iria perder isso por nada. Fiz um rabo de cavalo baixo e fui atrás dele.

 No corredor onde eu morava, só tinha dois apartamentos, o meu e o da Ernestina. E escorei no batente, cruzei os braços e só observei.

Xande apertou a campainha e se afastou.

Não demorou muito e a porta foi aberta. Ernestina usava um blazer amarelo, e uma saia ate a metade da perna também amarela que fazia de vestido, seus cabelos loiros presos em um coque perfeito.

Ela fica surpresa ao ver Alexandre ali.

-Bom dia senhorita—ele diz educadamente e a analisa—Vai sair? Não quero atrapalhar.

Ele faz que vai embora. Como eu disse ‘’faz’ ’Aquela peste tinha um plano em mente.

-Não senhor—ela responde

-Pareço tão velho?—ele perguntou voltando onde estava

Ela negou.

-Pode me chamar de Alexandre.

-Então Alexandre... O que quer?—ela perguntou sem rodeios

-Seu marido não vai se incomodar de estar conversando comigo?

Ernestina ajeitou seu casaquinho e respirou fundo.

-Não tenho marido, sou viúva.

Ava!Ele sabia disso, o Escala todo sabia disso.

-Oh, me desculpe—ele ‘’lamentou’’—Eu gostaria de saber se a senhorita quer jantar comigo.
A boca de Ernestina se fez um perfeito ‘’O’’ que se fechou duas vezes.

Ela o olhou sem entender, passou as mãos pelo cabelo e franziu a testa. Já esperava um não bem grande e ‘’educado’’ dela.

Como disse, esperava.

-Sim—ela respondeu

Meus olhos se arregalaram, e agora quem fazia o ‘’O’’ era eu.

Ele conseguiu. Eu fiquei um bom tempo tentando entender aquilo, que não vi eles se despedirem, só vi Xande vindo ate mim, dar uma piscadela junto com um sorriso vitorioso nos lábios.

-Como assim?—perguntei

-Só posso te dizer que—ele chamou o elevador—Quinta-feira as 20:00 estarei aqui para buscar ela.

Ele entrou na cabine, se virou e mandou um beijo no ar para mim.
Depois disso tudo é possível.
**
Eram 19:00 da noite quando me arrumei(¹) e decide ir em um pub tomar algo. A chuva tinha passado só fazia frio.

O lugar tinha algumas pessoas, me sentei no balcão junto com algumas pessoas, só duas cadeiras de diferença que me separavam dos demais.

-O que essa bela moça vai querer?—o barman perguntou

- Jack Daniel's  —respondi 

Tamborilei os dedos no balcão, e observei o lugar. Era grande, o ambiente com tons de madeira com 20 cadeiras ao todo.

Minha bebida chegou.

-O primeiro é por conta da casa—ele disse me entregando

Dei de ombros e bebi.

Aquela mesma sensação de hoje cedo me veio à tona. Falta dele, falta de Zayn. Não, eu não estava sentindo falta do Zayn homem, e sim do Zayn amigo... Éramos amigos, certo?
Terminei o resto da bebida. Irei minha cabeça para a esquerda, e vi um braço quase coberto por tatuagens. E eu só conhecia uma pessoa que tinha a palavra ‘’ZAP’’ tatuada.

-Zayn?

Ele se virou e olhou para mim. Um sorriso brotou em ambos. Zayn se sentou na cadeira perto da minha. E como ele estava lindo... Vestindo uma blusa vermelha, acompanhada de uma jaqueta preta, calça da mesma cor e botas.

-E ai... Como você esta?—ele perguntou

-Tô bem... E você sumido?

-Eu sumido? Só ficamos sem nos ver dois dias.

-E dai? Fiquei com saudades do meu amigo... Não posso?

Zayn arregalou os olhos e depois sorriu.

-Você estava com saudades de mim?—ele perguntou colocando a mão no tórax

-Sim—sussurrei—Mas nem se ache.

Ele riu e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

-Também estava—ele beijou minha testa

Aquilo foi tão doce, que por um momento esqueci que já fomos para a cama.

-E o que você esta fazendo aqui? Esta com as meninas?—ele perguntou bebendo sua cerveja que avia chegado.

-Não... Meu Jack Daniel's de lá de casa tinha acabado, e vim para cá.

-O trabalho me consome esses dias... Nada como uma boa cerveja.

Assenti e bebi meu segundo copo.

Um silencio se fez entre nos. É incrível como ficamos sem assunto com pessoas que gostamos. Tá foda.

Zayn estalou os dedos e me olhou.

-O quanto você sabe de mim?—ele perguntou

-An... —pensei.

Realmente sabia pouca coisa dele. —Pouca coisa

-Então vamos brincar. —ele disse e eu olhei sem entender

-Vamos fazer perguntas um para o outro, coisa boba.

-Essas perguntas bobas sempre vêm com perguntas comprometedoras.

-Essa é a graça—ele piscou

-Então tá... Que comece o jogo.

Zayn POV’s

Deixei Anja começar. Ela deus um grande gole do uísque e perguntou:

-O que sua mãe achou da sua primeira tatuagem?

-Ela quase teve um troço—sorri ao lembrar—‘’Menino o que você fez com seu corpo? Quer me matar?’’

Anja também riu, mas o sorriso se desfez logo depois.

-E você? O que sua mãe achou da sua?—apontei para o pequeno coração no seu dedo.

-Nada—ela respondeu—Ela já tinha morrido quando a fiz. Mas ate que gostaria de ouvi-la reclamar e falar que era uma maluquice.

Já sei o motivo se desfazer alguns segundos atrás.

-Agora sou eu... Com quantos anos deu seu primeiro beijo?—ela perguntou

-Não me lembro muito como foi...Acho que com 8 ou 11 anos—respondi

-Desde novinho já pensando nisso?

-Digamos que eu sou adiantado... Agora sou eu.

Pensei em uma coisa que sempre me veio à mente... Mas agora era uma hora boa.

-Com quem você perdeu sua virgindade?—perguntei
 
Ela riu e mordeu os lábios.

-Serio?

Assenti. Sim, eu queria saber.

-Com meu ex-namorado.

Ah claro, com quem, mas poderia ser? Tinha que ser um ex. Por um instante senti uma pontada de ciúmes... Só uma pontinha. Vai ver, eu queria ser o felizardo.

-E você se lembra de como foi?—perguntei

-Ei, é minha vez de perguntar—ela protestou—E quem sabe Malik, um dia eu te conte?

Ela não iria me contar, era pessoal demais? Talvez... Mas eu já fiz coisas bem pessoais com ela que adoraria repetir... Foco Zayn!

Ok, eu espero. Tudo ao seu tempo.

-Sou eu—ela disse e me encarou—Já se apaixonou antes?

Essa era uma pergunta que eu não esperava... Logo essa? É como cutucar em uma ferida que não se cicatrizou completamente, mas você tem que se manter forte para aguentar.

-Sim—respondi sem encara-la—e me arrependo amargamente disso.

Anja engoliu seco, e sussurrou um ‘’desculpe, não queria’’.

Minha vez agora de perguntar.

-E você já se apaixonou?—era a única que veio na cabeça

-Se eu te dissesse não, nunca me apaixonei você acreditaria?—ela perguntou

Neguei com a cabeça.

-Nem pelo seu ex, que você sabe... —tirou sua virgindade

-Muito menos por aquele babaca, se eu tivesse, eu me espancaria.
 
Ri alto.

-Zayn... —ela sussurrou—Como você soube que estava apaixonado?

Fiquei um tempo sem responder. Olhei para ela. Anja estava tão linda -como sempre- Seu 
cabelo estava com mais brilho ou era impressão minha? Seus lábios mais rosados e convidativos, Seus olhos, como não pensar em seus olhos? Estavam mais azuis, intensos...
Ainda olhando para ela perguntei:

-Por experiência própria?

Ela assentiu. Respirei fundo, a olhei e comecei.

‘’-Quando você não para de pensar nessa pessoa, quando me pego olhando para ela varias vezes. Às vezes dou risada a toa quando penso nela ou a vejo—sorri—Sinto falta do seu perfume... Ou ate mesmo reconheço de longe—respirei profundamente, e o Chanel n°5 dela entrou nas minhas narinas, era tão bom—Eu a quero para mim... Nos meus braços.

Anja me olhava confusa, sem entender. Nem eu tinha entendido essa ultima parte.

-Você ainda quer sua ex?—ela perguntou—Tipo você disse... ’’Eu a quero’’,

Não acredito que eu falei isso, eu não quero aquela desgraçada... De quem eu estava 
realmente falando? Será que eu...

-Não, não... Eu me confundi.

**

Ficamos conversando mais um pouco, até dar 21:00.

-Eu te levo em casa—disse me levantando

Ela assentiu e pagou seu uísque, eu paguei o meu e saímos dali.

*
No carro ficamos em silencio. Era estranho sem ter o que falar com ela. Eu queria falar com ela, ela me distraia, entretinha. De certo modo ela me fazia bem.

Sua mão pousou na minha, ela acariciou e sorriu.

-Obrigado por me fazer tão bem—ela disse com um sorriso de canto

-Amigos servem para isso não é?—respondi sorrindo

Agora tenho a certeza que ela me fazia bem.

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