Anja POV’s
Tinha chovido muito esses dias em Manhattan, dia
e noite. E quando estiava eu saia um pouco das cobertas para fazer alguns photoshoots. Esse sábado chovia forte e
o dia inteiro, como o tempo pedia, fiquei debaixo das cobertas com todas as
luzes apagadas, tomando chocolate quente assistindo basquete—é basquete—.
Mas faltava algo... Alguém para ser exato.
Zayn.
Sim, eu o queria comigo, debaixo das cobertas
tomando chocolate quente e assistindo basquete. Talvez eu estivesse sentindo
falta dele, das suas piadas sem graça—eu só ria pelo fato das piadas não ter
sentido—Do seu sorriso... Da sua voz rouca.
Meu Deus olha o que eu estou pensando! Ou eu
estou ficando maluca ou meu cérebro congelou devido o frio.
Ouvi um ‘’Meu
Deus, até que enfim’’ vindo da sala.
Levantei-me cautelosamente consertando minha
calça de moletom. Abri a porta e fui para a sala.
No meio dela tinha um casaco preto molhado. Quem
será?
-Quem é?—perguntei
Ouvi o que parecia um copo, ou caneca—ou algo
parecido—pousar sobre o balcão de granito.
-Sou eu Angel.
Era Alexandre. Seus cabelos molhados e levemente
bagunçados, e suas roupas também molhadas.
-Que susto praga! Avisa antes. —disse colocando
a mão no tórax
-Se assustou?—ele gargalhou—Pensou que eu era um
ladrão?
-Eu nem sabia que era você Alexandre—me virei
indo para o meu quarto, lugar que eu não deveria ter saído.
Chegando lá, abri um pouco da cortina preta de veludo,
e vi pela janela que chovia forte. Tanto que estava embaçado.
-Porque você saiu nessa chuva?—perguntei
fechando a cortina, me virando para ele. —Está maluco?
-É que eu queria um chocolate quente, dai decide
ir ao Starbucks, mas chegando lá estava lotado. Não iria ficar lá de jeito nenhum.
Então vim para cá... Que tem uma cama enorme, quentinha e um belo chocolate
quente de graça. —ele se deitou com cuidado com uma caneca em mãos
-Mas veja só... —disse rindo—Levanta da minha
cama.
-Porque? Não estou fedendo—ele cheirou sua axila
-Mas esta molhado... Porque não toma um banho?
-Não tenho roupa aqui.
-Você pode vestir uma calça de moletom minha, e
um casaco.
-Eu vestir roupa de mulher? Você esta louca?
-Ou é isso ou você vai ficar no chão, ficar
resfriado e pegar mulher nenhuma.
Ele arregalou os olhos, colocou a caneca sobre o
criado mudo e tirou sua blusa.
-Está bom Anja, tá bom—ele falou vencido indo
para o meu banheiro.
-Toalha limpa no armário!—gritei
Fui para o meu closet e procurei algo masculino,
ou parecido para ele vestir. Demorou um pouco, mas encontrei uma calça larga de
moletom preta com umas linhas laterais rosa, e um casaco preto também de
moletom com a Palavra Artic Monkeys
em branco. Mais ‘’masculino’’ que aquilo eu acho que aqui não tinha.
Coloquei sobre a cama, e peguei sua roupa
molhada para por na secadora.
Voltei para o quarto e Alexandre estava botando o
casaco. Ele me olhou e colocou as duas mãos na cintura.
-Rosa, Anja? Serio?
-O que? Ninguém vai ver... Ou você pensa em sair
com ela na rua?
-Ai, cala a boca—ele disse se sentando com a
caneca já em mãos.
Deitei-me e cobre a metade do meu corpo com o
edredom—ate a barriga—E peguei meu chocolate, que por incrível que pareça ainda
estava quente.
-você esquentou?—perguntei me referindo ao
chocolate
-Sim.
Só agora percebi que a tevê não estava, mas no basquete,
e sim em um canal de musica. Bob Marley cantava in live, No woman No cry.
-Você molha a entrada da minha casa, toma meu chocolate,
veste minhas roupas, e muda o canal da minha TV. O que falta? Morar aqui
também?—perguntei o encarando
-Cala a boca, Bob esta cantando. —ele disse
tapando minha boca com a mão
É... Bob Marley sempre vencia.
O momento estava tão bom... A chuva caia lá fora,
e eu estava com um chocolate quente debaixo das cobertas ao som de Bob Marley
com meu melhor amigo. Eu pedi Zayn, veio Alexandre... Bem, pelo menos não
correria o risco de beijar ou fazer outras coisas com meu amigo/irmão.
-E Zayn? Esta bem?—Alexandre pergunta
-Não sei... Liga pra ele e pergunta—bebi um gole
da minha bebida
-Estou falando de vocês dois.
-Aah, esta tudo bem. Somos amigos também, não
fazemos sexo toda hora como você pensa.
Alexandre riu pelo nariz e balançou a cabeça.
-O que? O que você esta insinuando?—perguntei
-Nada eu... Mas só vocês não veem, que quando se
olham faísca saem... Imagine entre quatro paredes.
-Eu não sou Katy Perry para fazer Firework—disse
sarcástica—Eu não solto faísca nenhuma.
-Não sou eu que falo, e sim vocês dois quando se
encontram.
-O que esta acontecendo com você?—perguntei com
a testa franzida
-Só falei a verdade—ele deu um grande gole no
chocolate
O que Alexandre estava querendo dizer? ‘’faíscas’
’essa porra está ficando doida, só pode.
Ok.fiquei curiosa, vou tentar entender o que ele
disse: Segundo alguns livros que eu leio
‘’faísca que sai de ambos quando se
veem’’ tem a ver com paixão ou atração.
Pela minha parte, sou a segunda opção. Zayn
acredito que também é a segunda.
Imagina só... Eu, EU Anja Albuquerque Hausenback
apaixonada por Zayn Jawaad Malik. Seria o fim... O meu fim.
Olha só no que eu estou pensando! Graças a essa
peste que chamo de melhor amigo.
-Você sabe se a Ernestina esta em
casa?—Alexandre pergunta
-An?O que?—pergunto confusa—Deve estar. Quem é o
demente que sairia em uma chuva dessas?—pergunto—Ah é, você.
-Não me culpe—ele disse rindo—Mas você sabe se
ela pode estar ai?
-Não sei... Não sai de casa hoje. Mas pode ser
que esteja.
Um sorriso brotou em seus lábios.
-Falando nisso... Porque você falou em francês
com ela naquele dia?
-Um francês reconhece outro—ele piscou
-Mas para que você quer saber se ela est...—parei.
Estreitei os olhos e o encarei—Você quer pegar ela?
-Ela não é de se jogar fora.
Pensando melhor, Ernestina não era feia, só era
carrancuda e usava roupas para pessoas com o dobro da sua idade—eu acho—A
questão é...
-Ela ira querer você?—perguntei o desfiando
Ele riu nasalmente
-Você viu o jeito que ela ficou quando eu beijei
sua mão? Ela quase caiu para trás.
-Mas isso não significa nada.
-Anja, Anja... Se eu der uma piscadela, ela se
joga nos meus braços—ele disse—Ok, serei modesto. Ela fica ofegante.
-Você nem se acha né?—perguntei rindo
-Porque sou isso.
-Você definidamente não presta.
-Aprendi com a melhor... Você.
Ele pulou da cama antes que eu tacasse minha mão
na cara dele.
-E se ela não topar?
-Acredite—Alexandre amarrou o ultimo cadarço do
tênis—Ela vai.
Alexandre estava indo na casa de Ernestina
chama-la para jantar.
Ernestina me odiava, consequentemente odiava
meus amigos; e Alexandre era meu melhor amigo.
-Então tá. Agora, se ela não aceitar e ferir seu
ego, não venha para cá—avisei.
-Tá, tá... Aonde esta seu perfume masculino?
Sim, eu tenho perfumes masculinos, sempre
gostei.
Ele nem esperou eu dizer onde estava, foi logo
no meu armário de perfumes, abriu a porta e pegou o Azzaro Pour Homme, borrifou no pescoço e guardou.
Alexandre esta com sua roupa; Uma blusa azul
escura com a palavra ‘’suck’’ em cinza,
uma calça preta e um tênis da mesma cor.
-Agora tchau—ele beijou minha testa e pegou seu
casaco já seco. Abriu a porta e saiu.
Eu não iria perder isso por nada. Fiz um rabo de
cavalo baixo e fui atrás dele.
No corredor onde eu morava, só tinha dois apartamentos,
o meu e o da Ernestina. E escorei no batente, cruzei os braços e só observei.
Xande apertou a campainha e se afastou.
Não demorou muito e a porta foi aberta.
Ernestina usava um blazer amarelo, e uma saia ate a metade da perna também
amarela que fazia de vestido, seus cabelos loiros presos em um coque perfeito.
Ela fica surpresa ao ver Alexandre ali.
-Bom dia senhorita—ele diz educadamente e a
analisa—Vai sair? Não quero atrapalhar.
Ele faz que vai embora. Como eu disse ‘’faz’
’Aquela peste tinha um plano em mente.
-Não senhor—ela responde
-Pareço tão velho?—ele perguntou voltando onde
estava
Ela negou.
-Pode me chamar de Alexandre.
-Então Alexandre... O que quer?—ela perguntou
sem rodeios
-Seu marido não vai se incomodar de estar
conversando comigo?
Ernestina ajeitou seu casaquinho e respirou
fundo.
-Não tenho marido, sou viúva.
Ava!Ele sabia disso, o Escala todo sabia disso.
-Oh, me desculpe—ele ‘’lamentou’’—Eu gostaria de
saber se a senhorita quer jantar comigo.
A boca de Ernestina se fez um perfeito ‘’O’’ que
se fechou duas vezes.
Ela o olhou sem entender, passou as mãos pelo
cabelo e franziu a testa. Já esperava um não bem grande e ‘’educado’’ dela.
Como disse, esperava.
-Sim—ela respondeu
Meus olhos se arregalaram, e agora quem fazia o ‘’O’’
era eu.
Ele conseguiu. Eu fiquei um bom tempo tentando
entender aquilo, que não vi eles se despedirem, só vi Xande vindo ate mim, dar
uma piscadela junto com um sorriso vitorioso nos lábios.
-Como assim?—perguntei
-Só posso te dizer que—ele chamou o
elevador—Quinta-feira as 20:00 estarei aqui para buscar ela.
Ele entrou na cabine, se virou e mandou um beijo
no ar para mim.
Depois disso tudo é possível.
**
Eram 19:00 da noite quando me arrumei(¹) e decide ir em um pub tomar algo. A
chuva tinha passado só fazia frio.
O lugar tinha algumas pessoas, me sentei no
balcão junto com algumas pessoas, só duas cadeiras de diferença que me
separavam dos demais.
-O que essa bela moça vai querer?—o barman
perguntou
- Jack
Daniel's —respondi
Tamborilei os dedos no balcão, e observei o lugar.
Era grande, o ambiente com tons de madeira com 20 cadeiras ao todo.
Minha bebida chegou.
-O primeiro é por conta da casa—ele disse me
entregando
Dei de ombros e bebi.
Aquela mesma sensação de hoje cedo me veio à tona.
Falta dele, falta de Zayn. Não, eu não estava sentindo falta do Zayn homem, e
sim do Zayn amigo... Éramos amigos, certo?
Terminei o resto da bebida. Irei minha cabeça
para a esquerda, e vi um braço quase coberto por tatuagens. E eu só conhecia
uma pessoa que tinha a palavra ‘’ZAP’’ tatuada.
-Zayn?
Ele se virou e olhou para mim. Um sorriso brotou
em ambos. Zayn se sentou na cadeira perto da minha. E como ele estava lindo...
Vestindo uma blusa vermelha, acompanhada de uma jaqueta preta, calça da mesma
cor e botas.
-E ai... Como você esta?—ele perguntou
-Tô bem... E você sumido?
-Eu sumido? Só ficamos sem nos ver dois dias.
-E dai? Fiquei com saudades do meu amigo... Não
posso?
Zayn arregalou os olhos e depois sorriu.
-Você estava com saudades de mim?—ele perguntou
colocando a mão no tórax
-Sim—sussurrei—Mas nem se ache.
Ele riu e colocou uma mecha de cabelo atrás da
minha orelha.
-Também estava—ele beijou minha testa
Aquilo foi tão doce, que por um momento esqueci
que já fomos para a cama.
-E o que você esta fazendo aqui? Esta com as
meninas?—ele perguntou bebendo sua cerveja que avia chegado.
-Não... Meu Jack Daniel's de lá de casa
tinha acabado, e vim para cá.
-O trabalho me consome esses dias... Nada como
uma boa cerveja.
Assenti e bebi meu segundo copo.
Um silencio se fez entre nos. É incrível como
ficamos sem assunto com pessoas que gostamos. Tá foda.
Zayn estalou os dedos e me olhou.
-O quanto você sabe de mim?—ele perguntou
-An... —pensei.
Realmente sabia pouca coisa dele. —Pouca coisa
-Então vamos brincar. —ele disse e eu olhei sem
entender
-Vamos fazer perguntas um para o outro, coisa
boba.
-Essas perguntas bobas sempre vêm com perguntas
comprometedoras.
-Essa é a graça—ele piscou
-Então tá... Que comece o jogo.
Zayn POV’s
Deixei Anja começar. Ela deus um grande gole do uísque
e perguntou:
-O que sua mãe achou da sua primeira tatuagem?
-Ela quase teve um troço—sorri ao
lembrar—‘’Menino o que você fez com seu corpo? Quer me matar?’’
Anja também riu, mas o sorriso se desfez logo
depois.
-E você? O que sua mãe achou da sua?—apontei
para o pequeno coração no seu dedo.
-Nada—ela respondeu—Ela já tinha morrido quando
a fiz. Mas ate que gostaria de ouvi-la reclamar e falar que era uma maluquice.
Já sei o motivo se desfazer alguns segundos
atrás.
-Agora sou eu... Com quantos anos deu seu
primeiro beijo?—ela perguntou
-Não me lembro muito como foi...Acho que com 8
ou 11 anos—respondi
-Desde novinho já pensando nisso?
-Digamos que eu sou adiantado... Agora sou eu.
Pensei em uma coisa que sempre me veio à
mente... Mas agora era uma hora boa.
-Com quem você perdeu sua virgindade?—perguntei
Ela riu e mordeu os lábios.
-Serio?
Assenti. Sim, eu queria saber.
-Com meu ex-namorado.
Ah claro, com quem, mas poderia ser? Tinha que
ser um ex. Por um instante senti uma pontada de ciúmes... Só uma pontinha. Vai
ver, eu queria ser o felizardo.
-E você se lembra de como foi?—perguntei
-Ei, é minha vez de perguntar—ela protestou—E
quem sabe Malik, um dia eu te conte?
Ela não iria me contar, era pessoal demais?
Talvez... Mas eu já fiz coisas bem pessoais com ela que adoraria repetir...
Foco Zayn!
Ok, eu espero. Tudo ao seu tempo.
-Sou eu—ela disse e me encarou—Já se apaixonou
antes?
Essa era uma pergunta que eu não esperava...
Logo essa? É como cutucar em uma ferida que não se cicatrizou completamente,
mas você tem que se manter forte para aguentar.
-Sim—respondi sem encara-la—e me arrependo
amargamente disso.
Anja engoliu seco, e sussurrou um ‘’desculpe,
não queria’’.
Minha vez agora de perguntar.
-E você já se apaixonou?—era a única que veio na
cabeça
-Se eu te dissesse não, nunca me apaixonei você
acreditaria?—ela perguntou
Neguei com a cabeça.
-Nem pelo seu ex, que você sabe... —tirou sua virgindade
-Muito menos por aquele babaca, se eu tivesse, eu
me espancaria.
Ri alto.
-Zayn... —ela sussurrou—Como você soube que
estava apaixonado?
Fiquei um tempo sem responder. Olhei para ela.
Anja estava tão linda -como sempre- Seu
cabelo estava com mais brilho ou era
impressão minha? Seus lábios mais rosados e convidativos, Seus olhos, como não
pensar em seus olhos? Estavam mais azuis, intensos...
Ainda olhando para ela perguntei:
-Por experiência própria?
Ela assentiu. Respirei fundo, a olhei e comecei.
‘’-Quando você não para de pensar nessa pessoa,
quando me pego olhando para ela varias vezes. Às vezes dou risada a toa quando
penso nela ou a vejo—sorri—Sinto falta do seu perfume... Ou ate mesmo reconheço
de longe—respirei profundamente, e o Chanel n°5 dela entrou nas minhas narinas,
era tão bom—Eu a quero para mim... Nos meus braços.
Anja me olhava confusa, sem entender. Nem eu
tinha entendido essa ultima parte.
-Você ainda quer sua ex?—ela perguntou—Tipo você
disse... ’’Eu a quero’’,
Não acredito que eu falei isso, eu não quero
aquela desgraçada... De quem eu estava
realmente falando? Será que eu...
-Não, não... Eu me confundi.
**
Ficamos conversando mais um pouco, até dar
21:00.
-Eu te levo em casa—disse me levantando
Ela assentiu e pagou seu uísque, eu paguei o meu
e saímos dali.
*
No carro ficamos em silencio. Era estranho sem
ter o que falar com ela. Eu queria falar com ela, ela me distraia, entretinha. De
certo modo ela me fazia bem.
Sua mão pousou na minha, ela acariciou e sorriu.
-Obrigado por me fazer tão bem—ela disse com um
sorriso de canto
-Amigos servem para isso não é?—respondi
sorrindo
Agora tenho a certeza que ela me fazia bem.
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